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TRAVAGLIA, Luiz Carlos. O estudo de vocabulário. (1a ed.). São Paulo: Cortez Editora, 2021

Área(s): Ensino de língua materna | Outras | Lexicologia |

Apresentação

Quando se quer desenvolver a competência comunicativa dos falantes da língua (em nosso caso específico, dos alunos) objetivo que sempre apresentamos como o prioritário no ensino de Língua Portuguesa como língua materna, é preciso estar ciente de que é fundamental, importante, necessário  desenvolver a competência lexical que faz parte da competência comunicativa.  Como definida neste livro, a competência lexical é representada pelo conjunto de itens lexicais (palavras, expressões idiomáticas) que uma pessoa é capaz de usar tanto ativamente ao produzir textos escritos ou orais, quanto passivamente ao compreender textos também orais e escritos. Essa competência é incrementada pelo aumento do vocabulário que a pessoa é capaz de usar tanto ativamente (quando fala ou escreve) quanto passivamente ou receptivamente na compreensão de textos (quando ouve ou lê). Na verdade, a competência lexical é desenvolvida não só na escola, mas em todos os espaços de vivência de cada um e tal desenvolvimento acontece por toda a vida e não apenas na escola que, todavia, tem um papel relevante no estabelecimento de atitudes importantes para o trato com o léxico da língua, como, por exemplo, o hábito de buscar significados e sentidos de todo e qualquer item lexical com que se depare e de reconhecer que a adequação de um item lexical depende de vários fatores intervenientes em uma interação comunicativa (crenças, actantes na situação de comunicação, quando, onde, variedade linguística como a maior ou menor formalidade, a cortesia envolvida, a linguagem mais ou menos técnica, etc.).  Além disso é preciso lembrar sempre que os itens lexicais mantêm relações entre si (sinonímia, antonímia, paronímia, homonímia, hiperonímia / hiponímia), mas também se conectam por fatos diversos como a formação de campos semânticos e campos lexicais, os processos de formação de palavras, a denotação e a conotação, etc. Percebe-se, pois, que o trabalho com o léxico é complexo, mas nesse livro essa complexidade se organiza de modo a que o professor (formal ou informal) consiga ter um controle de tantas elementos ao propor atividades de ensino de vocabulário de modo a alcançar um efetivo desenvolvimento da competência lexical e consequentemente da competência comunicativa. Se a gramática na sintaxe e na morfologia fornece esquemas regulares para composição das sequências linguísticas,  o léxico fornece o material para “preencher” tais esquemas, permitindo milhares de composições. Escolher o esquema e o léxico apropriados para dizer o que se quer com o sentido que se pretende são parte da competência comunicativa.  Vale lembrar ainda que pesquisas têm evidenciado que, quanto maior o vocabulário (conjunto de itens lexicais que alguém domina) de uma pessoa, mais chances ela tem de estar melhor na vida, inclusive em termos de bons trabalhos. Tudo o que dizemos aqui e no interior do livro leva à certeza de que é necessário um trabalho bem estruturado para que os falantes saibam cada vez mais fazer um uso pertinente e competente do léxico. 

Sumário

SUMÁRIO


INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 13
TÓPICO 1 – Bases para o ensino de vocabulário ................................................................................ 23

Capítulo 1 - Bases para o ensino de vocabulário ................................................................................. 25
1.1. Léxico e vocabulário: competência lexical ..................................................................................... 26
1.2. O que é conhecer uma palavra? ................................................................................................... 28
1.3. A semântica dos itens lexicais: significado e sentido .................................................................... 35
1.3.1. Significado e sentido .................................................................................................................. 35
1.3.2. Como se forma a significação das palavras: o conceito ............................................................ 37
1.4. Princípios básicos para a elaboração de exercícios de vocabulário ............................................. 53
Atividades de avaliação do capítulo 1 .................................................................................................. 57

TÓPICO 2 – Exercícios de vocabulário e relações léxico-semânticas ................................................ 61
Preliminares ......................................................................................................................................... 62

TÓPICO 2.1.
– Polissemia ................................................................................................................... 63

Capítulo 2 – Exercícios sobre diferentes sentidos da mesma palavra ................................................ 63
2.1. Diferentes sentidos da mesma palavra: polissemia ...................................................................... 63
2.2. Exemplos de exercícios sobre diferentes sentidos da mesma palavra.......................................... 67 


TÓPICO 2.2
. – Exercícios de vocabulário e sinonímia ........................................................................ 75
Algumas observações sobre sinonímia ............................................................................................... 75

Capítulo 3 – Exercícios sobre diversas palavras com o mesmo sentido ........... ................................. 79
3.1. Diversas palavras com o mesmo sentido ..................................................................................... 79
3.2. Exemplos de exercícios sobre diversas palavras com o mesmo sentido .................................... 80

Capítulo 4 – Exercícios sobre sentido de palavras .............................................................................. 87
4.1. Sentido de palavras ...................................................................................................................... 87
4.2. Exemplos de exercícios sobre sentido de palavras ..................................................................... 88

Capítulo 5 – Exercícios sobre sentidos de expressões ...................................................................... 93
5.1. As expressões e seus sentidos .................................................................................................... 93
5.2. Exemplos de exercícios sobre sentidos de expressões .............................................................. 94

Capítulo 6 – Exercícios sobre diferenças de sentido entre sinônimos .............................................. 101
6.1. Os sinônimos não têm o mesmo significado .............................................................................. 101
6.2. Análise sêmica ............................................................................................................................ 106
6.3. Exemplos de exercícios sobre diferençasde sentido entre sinônimos ....................... ................ 117
Atividades de avaliação do capítulo 6 ................................................................................................ 129

TÓPICO 2.3
. – Exercícios de vocabulário e outras relações léxico-semânticas ................ ............... 133

Capítulo 7 – Exercícios sobre homônimos .......................................................................................... 133
7.1. Homônimos ................................................................................................................................... 133
7.2. Exemplos de exercícios sobre homônimos ................................................................................... 135

Capítulo 8 – Exercícios Sobre Parônimos ............................................................................................ 141
8.1. Parônimos ...................................................................................................................................... 141
8.2. Exemplos de exercícios sobre parônimos ...................................................................................... 142

Capítulo 9 – Exercícios sobre antônimos .............................................................................................. 149
9.1. Antônimos ....................................................................................................................................... 149
9.2. Exemplos de exercícios sobre antônimos ...................................................................................... 152

Capítulo 10 – Exercícios sobre hiperônimos e hipônimos .................................................................... 159
10.1. Hiperônimos e hipônimos ............................................................................................................ 159
10.2. Exemplos de exercícios sobre hiperônimos e hipônimos ............................................................ 161

TÓPICO 3
– Léxico e outros fatos semânticos .................................................................................... 165

Capítulo 11 – Exercícios de vocabulário e outros fatos semânticos relacionados ao léxico:
denotação e conotação; sentido geral e específico; campos lexicais ................................................... 167
11.1. Exercícios sobre denotação e conotação ..................................................................................... 167
11.1.1. Denotação e conotação .............................................................................................................. 167
11.1.2. Exemplos de exercícios sobre denotação e conotação .............................................................. 172
11.2. Exercícios sobre sentido geral e específico ................................................................................... 176
11.2.1. Sentido geral e específico ........................................................................................................... 176
11.2.2. Exemplos de exercícios sobre sentido geral e específico ........................................................... 178
11.3. Exercícios sobre campos lexicais ................................................................................................... 183
11.3.1. Campos lexicais ........................................................................................................................... 183
11.3.2. Exemplos de exercícios sobre campos lexicais .......................................................................... 184

TÓPICO 4
– Formação de palavras e exercícios de vocabulário ........................................................... 193

Capítulo 12 – Exercícios de vocabulário sobre formação de palavras .................................................... 195
Preliminares ............................................................................................................................................. 195
12.1. Morfemas na formação de palavras ................................................................................................ 200
12.2. Derivação ......................................................................................................................................... 202
12.2.1. Exemplos de exercícios sobre formação de palavras por derivação prefixal ............................... 205
12.2.2. Exemplos de exercícios sobre formação de palavras por derivação sufixal ................................. 212
12.3. Composição ...................................................................................................................................... 221
12.3.1. Exemplos de exercícios sobre formação de palavras por composição ......................................... 222
12.4. Outros processos de formação de palavras ..................................................................................... 232
12.4.1. Redução ou abreviação ................................................................................................................. 232
12.4.1.1. Exemplos de exercícios sobre formação de palavras por redução ou abreviação ..................... 234
12.4.2. Siglas .............................................................................................. ............................................... 236
12.4.2.1. Exemplos de exercícios sobre formação de palavras por siglas ................................................. 239
12.4.3. Cruzamento vocabular ou amálgama ............................................................................................. 242
12.4.3.1. Exemplos de exercícios sobreformação de palavras por cruzamentovocabular ou amálgama .. 245
12.4.4. Reduplicação .................................................................................................................................. 247
12.4.4.1. Exemplos de exercícios sobre formação de palavras por reduplicação ...................................... 248
12.4.5. Onomatopeia ................................................................................................................................... 249
12.4.5.1. Exemplos de exercícios sobre formação de palavras por onomatopeia ...................................... 252

TÓPICO 5
– Exercícios de vocabulário e aspectos sintáticos .................................................................... 257
Preliminares ................................................................................................................................................ 258

Capítulo 13 – Exercícios de vocabulário e alguns aspectos sintáticos ...................................................... 259
13.1. Exercícios sobre a nominalização ..................................................................................................... 259
13.1.1. Nominalização ................................................................................................................................ 259
13.1.2. Exemplos de exercícios sobre nominalização ................................................................................ 262
13.2. Exercícios sobre verbos de ligação ................................................................................................... 264
13.2.1. Verbos de ligação ........................................................................................................................... 264
13.2.2. Exemplos de exercícios sobre verbos de ligação .......................................................................... 265
13.3. Exercícios sobre verbos dicendi ........................................................................................................ 267
13.3.1. Verbos dicendi ................................................................................................................................ 267
13.3.2. Exemplos de exercícios sobre verbos dicendi ............................................................................... 270

TÓPICO 6
– Funções textuais-discursivas de itens lexicais ...................................................................... 277
Preliminares ................................................................................................................................................ 278

Capítulo 14 – Exercícios de vocabulário e funções textuais-discursivas de itens lexicais ......................... 279
14.1. Exercícios sobre modalizadores ........................................................................................ ............... 279
14.1.1. Modalidades e modalizadores ........................................................................................................ 279
14.1.2. Exemplos de exercícios sobre modalizadores ............................................................................... 282
14.2. Exercícios sobre operadores discursivos .......................................................................................... 287
14.2.1. Operadores discursivos .................................................................................................................. 287
14.2.2. Exemplos de exercícios sobre operadores discursivos .................................................................. 288
14.3. Exercícios sobre operadores argumentativos .................................................................................... 291
14.3.1. Operadores argumentativos ............................................................................................................ 291
14.3.2. Exemplos de exercícios sobre operadores argumentativos ............................................................ 292

TÓPICO 7
– Exercícios de vocabulário e alguns fatos sociais .................................................................... 299
Preliminares ................................................................................................................................................. 300

Capítulo 15 – Léxico e fatos sociais ............................................................................................................. 301
15.1. Exercícios sobre estrangeirismos ........................................................................................................ 301
15.1.1. Estrangeirismos ................................................................................................................................ 301
15.1.2. Exemplos de exercícios sobre estrangeirismos ............................................................................... 303
15.2. Exercícios sobre léxico e variedades linguísticas (dialetos, registros e modalidades) ....................... 307
15.2.1. Léxico e variedades linguísticas ...................................................................................................... 307
15.2.2. Exemplos de exercícios sobre léxico e variedades linguísticas ....................................................... 312

TÓPICO 8
– Onde buscar o significado e os sentidos dos itens lexicais ..................................................... 321

Capítulo 16 – Uso do dicionário e utilização do cotexto e do contexto para saber o
significado e o sentido das palavras ............................................................................................................. 323
Preliminares .................................................................................................................................................. 323
16.1. Exemplos de exercícios sobre o uso do dicionário .............................................................................. 325
16.2. Exemplos de exercícios sobre a utilização do cotexto e do contexto para saber o significado ........... 332

TÓPICO 9
– Uso adequado dos itens lexicais .............................................................................................. 337

Capítulo 17 – Exercícios sobre precisão e imprecisão vocabular ................................................................. 339
17.1. Precisão e imprecisão vocabular .......................................................................................................... 339
17.2. Exemplos de exercícios sobre precisão e imprecisão vocabular .......................................................... 341
Considerações finais ...................................................................................................................................... 347
Respostas das atividades de avaliação ......................................................................................................... 352
Referências .................................................................................................................................................... 356

Como comprar

No site da Editora Cortez: www.cortezeditora.com.br   Pelo e-mail: cortez@cortezeditora.com.br  ou pelo telefone: (011) 3864-0111.

TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Conferência de abertura para o IX SIELP: O Ensino da Língua Portuguesa face aos desafios do Século XXI. IX Simpósio Internacional de Ensino de Língua Portuguesa (IX SIELP): O Ensino de Língua Portuguesa Face aos Desafios do Século XXI (Evento on line). Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia (UFU) / Instituto de Letras e Linguística (ILEEL); Braga: Universidade do Minho (UMinho) / Escola de Letras, Artes e Ciências Humanas, 01/12/2021: 19 páginas. Cópia de inédito. 

Área(s): Ensino de língua materna | Discurso | Gramática | Outras |

TRAVAGLIA, Luiz Carlos. A complexidade da língua, as muitas teorias linguísticas e o ensino. In BASTOS, Neuza Barbosa (org.). Língua Portuguesa: história, memória e intersecções lusófonas. São Paulo: EDUC: IP-PUC-SP, 2018. p. 201-212. ISBN: 9788528306033

Área(s): Ensino de língua materna | Gramática | Outras |

Como comprar

EDUC: fone: (011) 3670-8085; e-mail: educ@pucsp.br; site: www.pucsp.br/educ

TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Aspectos da pesquisa sobre tipologia textual. Revista de estudos da linguagem. Belo Horizonte: Faculdade de Letras da UFMG, v. 20, n. 2, p. 361-387,jul./dez. 2012.

Área(s): Outras |

TRAVAGLIA, Luiz Carlos (2010). Da infância à ciência: língua e literatura (depoimento) in BRAIT, Beth. Literatura e outras linguagens. São Paulo: Contexto, 2010. p. 36-38.

Área(s): Outras |

TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Horizontalização e verticalização na pesquisa linguística – dois casos: a classificação e a caracterização de textos e a gramaticalização de verbos. Desenredo - Revista do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade de Passo Fundo, v. 4, n.2, p. 212-240, jul./dez. 2008. Passo Fundo: UPF – ISSN 1808-656X.

Área(s): Outras |

SOUZA, Enivalda Nunes Freitas e (Org.); TOLLENDAL, Eduardo José (Org.); TRAVAGLIA, Luiz Carlos (Org.). Literatura: Caminhos e descaminhos em perspectiva. 1a. ed. Uberlândia: EDUFU - Editora da Universidade Federal de Uberlândia, 2006. v. 01. 754 p. ISBN: 8570781032.

Área(s): Outras |

Apresentação

Sobre o ócio e o anseio de publicação Disse o antropófago Oswald de Andrade, no famoso texto “A crise da filosofia messiânica”, praticando sua conhecida sagacidade e irreverência: “O ócio não é esse pecado que farisaicamente se aponta como a mãe de todos os vícios. Ao contrário, Aristóteles atribui o progresso das ciências no Egito ao ócio concedido aos pesquisadores e aos homens de pensamento e de estudo. A palavra ócio em grego é sxolé, donde se deriva escola. De modo que podemos facilmente distinguir, dentro da sociedade antiga, os ociosos como homens que escapavam ao trabalho manual para se dedicarem à especulação e às conquistas do espírito. (...) O homem aceita o trabalho para conquistar o ócio. E hoje, quando pela técnica e pelo progresso social e político, atingimos a era em que, no dizer de Aristóteles, “os fusos trabalham sozinhos”, o homem deixa a sua condição de escravo e penetra no novo limiar da Idade do Ócio. É um outro Matriarcado que se anuncia.” De fato, o direito ao ócio foi fundamental para o progresso da humanidade. Houve um momento na história da ciência em que Newton deixou o laboratório para deitar-se e descansar à sombra de uma macieira. Foi, então, que uma fruta madura caiu-lhe na cabeça. Louvem-se o empenho e a intuição do genial cientista, cuja descoberta não só permitiu o avanço do conhecimento científico como mudou a face do mundo. Nada parelho aconteceu no campo do pensamento humanístico. Continuamos presos à expressão da angústia, refletindo sobre os desígnios de Deus e as trapalhadas da política, sem conseguir fazer vingarem as idéias que levariam o homem, que peca e trabalha, ao paraíso. Equivocou-se, infelizmente, o poeta modernista ao prever futuros tempos de ociosidade. O progresso social não se deu no rumo da utopia libertária. Este episódio, talvez lendário, nos mostra que a produção do conhecimento se dá na alternância de esforço e relaxamento, transpiração e inspiração, sujeita ao acaso e à perspicácia, segundo o ritmo imprevisível das subjetividades. Assaz louvada na história da humanidade, a descoberta de Newton não tem sido lembrada para remediar o atual ímpeto produtivista. Escravos da máquina, do tempo e do dinheiro, sofremos com a obsessão dos pequenos e múltiplos resultados. E, no entanto, bastou-lhe uma só lei sobre o movimento dos corpos para criar uma nova teoria sobre a ordem do universo! Estávamos neste pé da especulação filosófica sobre as possibilidades da episteme na contemporaneidade quando nos ocorreu pensar na precária vida acadêmica brasileira, mais precisamente no âmbito dos estudos literários, onde lidamos com a gaia ciência, com a vã sabedoria, com a crítica miúda e corriqueira frente à imensidão da arte, submetidos à mesma sanha produtivista de outros campos mais rentáveis. Por que nos atormentamos tanto? Por vaidade? Por utilidade? Que descoberta podemos dar ao mundo que possa aplacar a ganância dos poderosos e saciar a fome dos desvalidos, trazendo ao mundo a certeza de dias mais felizes? Assim matutanto – e, quem sabe, escapando ao trabalho manual para nos dedicar às conquistas do espírito –, resolvemos aproveitar este espaço de “Apresentação” para fazer alguns questionamentos sobre a nossa prática e afiar nossa sinceridade epistemológica. Vivemos um momento em que nós, literatos em geral, corremos feito tartarugas em extinção rumo ao mar da produtividade quantificada, com que buscamos fugir às redes de descredenciamento e, até mesmo, justificar nossa existência institucional. Aí estão os currículos, ávidos de preenchimento, sem considerar ritmos diferenciados de produtividade e gravidade. Torna-se difícil auferir qualidade em meio à diversidade de gostos, tendências, linhas, ideologias e métodos. As comissões editoriais acabam sendo generosas; e as novas tecnologias, facilitadoras. Assim, publica-se. Cabe ao leitor arguto separar, no balaio geral das antologias, as maçãs maduras das frutas de vez. A segunda questão é: não será precipitado levar aos alunos de graduação o mesmo anseio de produtividade desenfreada que assola mestres e veteranos? Nos dias de hoje, meninos e meninas acorrem em bandos ao pomar das letras mais verdes de leitura que periquitos. Logo, precisam ser iniciados na pesquisa, levados no exercício da escrita, precisam de estímulo ao debate e à reflexão, sem o que não existe aprendizagem. Contudo, submetê-los, indiscriminadamente, ao risco da publicação pode não ser a melhor pedagogia. Não seria melhor que tivessem direito ao ócio com dignidade, dar-lhes um tempo para processassem seu amadurecimento? Uberlândia, junho de 2006 Eduardo José Tollendal

Sumário

CURTAMÃO: UMA NARRATIVA METAPOÉTICA Adilson dos Santos MÁRIO DE ANDRADE: A POÉTICA DA RESPONSABILIDADE E DA DÍVIDA Adna Candido de Paula DISCURSO LITERÁRIO E AUTORIA: CONSIDERAÇÕES A PARTIR DA METAPOÉTICA DE FERREIRA GULLAR Adriana Naves Silva O PRAZER DO TEXTO: UMA ANÁLISE BASEADA EM BARTHES SOBRE LENDAS DA TERRA DO FOGO, DE ENRIQUE CAMPOS MENENDEZ Alba Krishna Topan Feldman VULGO, GRACE: REDESCOBRINDO HISTÓRIAS ATRAVÉS DE UMA TECELÃ PÓS-MODERNA Alcione Cunha da Silveira AUTORIA LITERÁRIA EM TEXTOS PSICOGRAFADOS Alexandre Caroli Rocha OS ESPAÇOS MÚLTIPLOS NO CONTO A ESTRELA, DE VERGÍLIO FERREIRA Ana Cristina Fernandes Pereira Wolff HUMOR E LOUCURA: A ESCRITURA DO NONSENSE EM CAMPOS DE CARVALHO E ERMANNO CAVAZZONI Ana Maria Carlos O ESPAÇO COMO UM LUGAR-COMUM NAS ODES DE RICARDO REIS Anamélia Rodrigues Marquis Massucato O HUMOR CONTEMPORÂNEO: UMA ANÁLISE DE CONTOS DE MOACYR SCLIAR Ângela Maria Pelizer de Arruda PARTICULARIDADES DO ARCADISMO BRASILEIRO Augusto César Vassilopoulos Natal FLORBELA ESPANCA: EROTISMO POÉTICO Betânia Siqueira Mafra A CRÍTICA LITERÁRIA DE MÁRIO DE ANDRADE E A BRASILIDADE MODERNISTA Branca Puntel Motta Alem RUBEM FONSECA E A NARRATIVA TRIVIAL: APROXIMAÇÕES E DISTANCIAMENTOS EM O CASO MOREL Camila Vanzella A MATÉRIA REMEMORATIVA NO ROMANCE A MAJESTADE DO XINGU DE MOACYR SCLIAR Célia Maria Borges Machado TEM(PO)ESIA – O TEMPO NA POESIA LÍRICA MODERNA Claudia Ferreira de Paula Borges ASPECTOS DE EDUCAÇÃO E RETÓRICA NO SATÍRICON, DE PETRÔNIO Cláudio Aquati EROTISMO, MÍSTICA E POESIA: EXPERIÊNCIAS-LIMITES NA PÓS-MODERNIDADE Cleide Maria de Oliveira O DISCURSO DA MULHER NEGRA EM ALÉM DO RIO (MEDEA), DE AGOSTINHO OLAVO Daniel Martins Alves Pereira DESCONSTRUINDO REPRESENTAÇÕES GEOGRÁFICAS E REINVENTANDO CARTOGRAFIA EM INTÉPRETE DE MALES Daniela Cordeiro Soares Silva HUMOR, SÁTIRA E COMICIDADE EM O FEITIÇO DA ILHA DO PAVÃO Danilo Luiz Carlos Micali ENTRE-IMAGENS Danusa Depes Portas CRÍTICA E REMEMORAÇÃO EM FELIZ ANO VELHO Darlan Roberto dos Santos NELSON RODRIGUES E AS TRAGÉDIAS CARIOCAS: A ESTÉTICA DO TRÁGICO MODERNO Elen de Medeiros ENTRE TEARES E CINZÉIS: A PRESENÇA DO MITO CLÁSSICO EM MARINA COLASANTI Eliane Batista Costa O NEOLOGISMO LITERÁRIO EM AUGUSTO DOS ANJOS Elimar Beatriz Borges HIBRIDISMO E NOSTALGIA EM WHEN WE WERE ORPHANS, DE KAZUO ISHIGURO Elizabeth Vigorito de Felipe - Adelaine LaGuardia Resende MONTEIRO LOBATO: CARTAS DO CÁRCERE Emerson Tin FEMININO, MEMÓRIA E PODER EM O TEMPO E O VENTO Érica Leonor Martins - Suely da Fonseca Quintana (AUTO)BIOGRAFIA E METAFICÇÃO: LA NOVELA DE PERÓN Fernanda Aparecida Ribeiro RODRIGO S. M. E A BUSCA PELO ATO CRIADOR EM A HORA DA ESTRELA Fernanda Cristina de Campos THE BABYSITTER – CARACTERÍSTICAS PÓS-MODERNAS NA METAFICÇÃO DE ROBERT COOVER Fernanda Sylvestre - Maria Lúcia Outeiro Fernandes ANTONIO CANDIDO E A FORMAÇÃO DA LITERATURA BRASILEIRA: QUESTÕES DE IMPASSE À ATUALIDADE LITERÁRIA, ENTRE O SUBDESENVOLVIMENTO E A NOTORIEDADE Flávia de Barros Silva O TRÂNSITO EM MURILO MENDES Gabriel da Cunha Pereira A ESCRITA CINEMATOGRÁFICA NA TESSITURA LITERÁRIA Gracia Gomes de Abreu OS GUARDA-CHUVAS CINTILANTES , UM INSÓLITO DIÁRIO Grazielle Katyane dos Santos Silva LEITURA DE TODOS OS NOMES, DE JOSÉ SARAMAGO, PELA CRÍTICA SOCIOLÓGICA DE LUKÁCS Iris Selene Conrado MARXISMO E LITERATURA: UM OLHAR SOBRE O HERÓI EM ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA, DE JOSÉ SARAMAGO Iris Selene Conrado VIVER É PERIGOSO : É SER-PARA-A-MORTE Iris Cristina N. O. Pires UM GÊNERO HÍBRIDO: O CASAMENTO SUSPEITOSO de ARIANO SUASSUNA Irley Machado A MODERNIDADE EM GOIÁS EM UM HOMEM E SUA FAMÍLIA, DE BRAZ JOSÉ COELHO Jason Hugo de Paula TRANSGRESSÃO E CONTINUIDADE EM MEMORIAL DE MARIA MOURA E DÔRA, DORALINA Jerri Antonio Langaro NOTAS SOBRE A RECEPÇÃO CRÍTICA DA OBRA DE RUBEM FONSECA - A PROPÓSITO DO TEMA DA VIOLÊNCIA Joana Darc Ribeiro AS PROPOSTAS, A MEMÓRIA, A TRADIÇÃO EM EVA LUNA José Geraldo Batista ITINERÁRIO DE PASÁRGADA : CRÔNICAS DO PASSADO QUE ENCENAM POESIA E VIDA DE MANUEL BANDEIRA José Roberto Silveira OS RISOS DO BRASIL: TRILHAS DO CÔMICO NA LITERATURA BRASILEIRA DO SÉCULO XX. Juliana Santini - Rejane Cristina Rocha TRADIÇÃO E RUPTURA NO POEMA “METAMORFOSES”, DE DANTE MILANO Júlio Cesar Machado de Paula HILDA HILST: A METÁFORA DA MORTE E DO EROTISMO Karyne Pimenta de Moura - Lívia Carolina Alves da Silva CYRO DOS ANJOS E O MODERNISMO MINEIRO Keila Mara Sant’Ana Málaque A LENDA DO PROCESSO Keli Cristina Ireno Mazzo O SILÊNCIO EM NARRATIVAS DE ANGOLA E CABO VERDE COLONIAIS Kellen Millene Camargos A FORMAÇÃO CULTURAL DO PROFESSOR DO CURSO DE LETRAS: A LITERATURA FÁUSTICA E A TRAMA DOS PACTOS Kênia Maria de Almeida Pereira AMAZÔNIA DE MARIA MARTINS Larissa Costa da Mata A LINGUAGEM DOS TIPOS CÔMICOS EM O CORDÃO - BURLETA DE ARTUR AZEVEDO Larissa de Oliveira Neves A ORIGINALIDADE NARRATIVA DE JOÃO ANTÔNIO Luciana Cristina Corrêa TEATRO PORTUGUÊS: ALGUNS MARCOS DO SÉCULO XX Luciane dos Santos Iriyoda MEMORIA, MODERNIDADE E ESPAÇO Luciene Silva de Oliveira OS SUJEITOS DO PARAÍSO DE MILTON Luiz Fernando Ferreira Sá DRAMATURGIA, LIBERDADE E METALINGUAGEM NA DÉCADA DE 1960 Luiz Humberto Martins Arantes UMA ENCENAÇÃO CÔMICA DA TRAGÉDIA BRASILEIRA NOTAS SOBRE A HORA DA ESTRELA Manoel Freire Rodriguez ENTRE O ROMANCE SOCIAL E A INTROSPECÇÃO: UMA LEITURA DE CORNÉLIO PENNA Marcelo Tadeu Schincariol MEMÓRIA, ORALIDADE E ESCRITA EM TRAMAS BERNARDEANAS Márcia Pereira dos Santos UMA INTERPRETAÇAO SIMBÓLICA DO PACTO DE RIOBALDO COM O DIABO Marco Aurélio Pinotti Catalão BAUDELAIRE: DANDY OU BOÊMIO? Marcos Antonio de Menezes RITUAL E MÚSICA Maria Aparecida Barbosa CANAÃ, A UTOPIA EDÊNICA DO BRASIL EM GRAÇA ARANHA Maria Francelina Silami Ibrahim Drummond DA SEDUÇÃO À REFLEXÃO: UMA POÉTICA DE LEITURA Maria Helena de Queiroz DANCING AT LUGHNASA: MEMÓRIAS DO OESTE IRLANDÊS Maria Isabel Rios de Carvalho - Magda Velloso Fernandes de Tolentino A MANIPULAÇÃO DA MORTE EM A FILHA DO MEIO-QUILO DE ASSIS BRASIL Maria Janaina Foggetti IDENTIDADES CHICANAS MAPEANDO CONTEXTUALIZAÇÕES PÓS-MODERNAS Maria José Terezinha Malvezzi BRASIL E ANGOLA: LITERATURA E SOCIEDADE NO COMEÇO DO SÉCULO XX Marilúcia Mendes Ramos INTERTEXTUALIDADE E VOZES EM UM SOPRO DE VIDA (PULSAÇÕES): ESTATUTO DA AUTORIA CLARICIANA Marli Silva Fróes NATURA RERUM: ARTE, NATUREZA E O SAGRADO Maryllu de Oliveira Caixêta A VOZ DO CORPO: EROTISMO NA POESIA Miriam Raquel Morgante Morganti Bittencourt JOSÉ SARAMAGO: A INFLUÊNCIA DE AUTORES PORTUGUESES EM SUA OBRA Nanci Geroldo Richter OS INFERNOS DE RIMBAUD Nilson Pereira de Carvalho DOIS IRMÃOS : DUPLOS ESTRANHOS Noemi Campos Freitas Vieira OS RECURSOS TEMPORAIS COMO PRODUÇÃO DE EFEITOS DE SENTIDO EM CONTO MACHADIANO Patrícia Alves Cardoso OLEGÁRIO MARIANO: ENTRE ROMANTISMO E MODERNISMO Pedro Marques A PAIXÃO, A DOR E O DESEJO DE MORRER – UMA LEITURA DAS CARTAS PORTUGUESAS Regina Lúcia Gonçalves Pereira Silvestrini - Clarice Zamonaro Cortez A GRAMÁTICA E A VOZ NAS CRÔNICAS DE LYCÍDIO PAES Regma Maria dos Santos O NARRADOR PROBLEMÁTICO EM “FUJIE” Ricardo Koichi Miyake MODESTO CARONE LEITOR DE DRUMMOND: CIRO SEM BENS, CIRO COM SANGUE Rita de Cássia Silva Dionísio ANGÚSTIA , DECADÊNCIA, ESPAÇO E MEMÓRIA Rita Felix Fortes O RISO IRÔNICO DE JUAN JOSÉ ARREOLA EM EN VERDAD OS DIGO Rosa Maria Severino Araújo A REVOLUÇÃO TEMÁTICA EM LÚCIO CARDOSO Sandra Paula Coimbra VIAJANTES E PERCURSOS: PEREGRINAÇÕES LITERÁRIAS EM A NAVEGAÇÃO DE SÃO BRANDÃO Sandra Salviato Terra FIOS E LUA EM LYA: PENÉLOPE E LILITH NO IMAGINÁRIO LUFTIANO Silvana Augusta Barbosa Carrijo Silva LEITURA E RETÓRICA E A CONSTITUIÇÃO DO ETHOS FEMININO. UM CANTO DE SI: A MULHER QUE SE CANTA NA MPB Silvio Luis da Silva PRESENÇA SIMBOLISTA EM MARIO QUINTANA Solange Fiuza Cardoso Yokozawa ÓPERA DO MENDIGO: A ÓPERA-BALADA INGLESA Sueli Regina Leone EXÍLIO E COMPOSIÇÃO DA MEMÓRIA CULTURAL Suely da Fonseca Quintana OS QUATRO SENTIDOS DO AUTO DA SIBILA CASSANDRA DE GIL VICENTE Tatiane Artioli DIDASCÁLIAS NO OEDIPUS DE SÊNECA Tereza Pereira do Carmo FRONTEIRA, RELIGIÃO E HOSPITALIDADE Vicente de Paulo Ferreira A ESCRITA SATÍRICA DE JUÓ BANANÉRE NO PERIÓDICO DIARIO DO ABAX’O PIQUES Wilma da Silva Vitalino

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FIGUEIREDO, Célia Assunção (Org.); MARTINS, Evandro Silva (Org.); TRAVAGLIA, Luiz Carlos (Org.); MORAES FILHO, Waldenor Barros (Org.). Lingua(gem): reflexões e perspectivas. 1. ed. Uberlândia: EDUFU, 2003. v. 1. 298 p. ISBN: 8570780583. Coleção "Lingüística IN FOCUS, 5".

Área(s): Linguística textual - Diversos | Outras |

Apresentação

APRESENTAÇÃO
O Programa de Pós-graduação em Lingüística – Curso de Mestrado em Lingüística do Instituto de Letras e Lingüística (ILEEL) da Universidade Federal de Uberlândia tem o prazer de lançar, com este volume, a coleção Lingüística IN FOCUS, criada para divulgar a produção científica do Programa e de pesquisadores convidados, ou participantes de eventos promovidos pelo ILEEL. O Programa de Pós-graduação em Lingüística conta atualmente com três linhas de pesquisa: 1) Teorias e Análises Lingüísticas: estudos sobre Léxico, Morfologia e Sintaxe; 2) Estudos sobre Texto e Discurso e 3) Estudos sobre o Ensino/Aprendizagem de Línguas. Os trabalhos ora apresentados relacionam-se com projetos ligados às três linhas. Para a linha 1 encontram-se dois trabalhos sobre morfologia e léxico dentro de questões referentes à mudança lingüística no quadro dos estudos da gramaticalização (cf. Martelotta e Travaglia); nessa mesma linha, três outros trabalhos tratam de  questões de lexicologia e constituição de dicionários (cf. Martins, Cano e Moraes Filho) e um sobre sintaxe (cf. Rocha). Os estudos de Fernandes e Santos pertencem à linha de pesquisa 2, dentro dos quadros da Análise do Discurso. Os trabalhos de Azambuja e Guilherme de Castro também relacionam-se com a linha de pesquisa 2, dentro do quadro da Lingüística Textual e da Análise da Conversação, mas voltam-se para reflexões sobre o ensino e aprendizagem de língua e ligam-se, portanto, também à linha de pesquisa 3. Exclusivamente atinentes a esta última linha, temos os estudos de Figueiredo e Jesus; ambos abordam questões relativas à leitura. Vejamos especificamente do que trata cada um desses estudos. Em seu artigo Leitura e Criticidade em Língua Estrangeira, no campo da Lingüística Aplicada Crítica, Célia Assunção Figueiredo discute visões de criticidade ligadas ao ensino da leitura no contexto de formação de professores de línguas. A autora considera de crucial importância a compreensão, por parte de aprendizes, futuros professores, do papel da re-construção de práticas sócio-político-educacionais de emancipação à luz dos postulados freirianos, ou seja, em termos de uma educação crítica; e, concebendo a leitura como um evento social, apresenta ainda considerações a respeito do processo de leitura e de aspectos ideológicos relacionados ao seu ensino, bem como levanta questionamentos quanto ao papel do aluno-leitor, do professor de línguas e da própria aprendizagem nessa área. O estudo de Cleudemar Alves Fernandes, intitulado A Constituição da Análise do Discurso na Lingüística, como o próprio título indica, destina-se à explicitação da constituição da Análise do Discurso (AD) como uma das ramificações da Lingüística. Para tal intento, recorre à noção de atravessamento e mostra que a Análise do Discurso resulta de um atravessamento de outros campos disciplinares na Lingüística. Trata-se de uma formulação teórica que engloba, de maneira indissociável, sujeito, história, ideologia e discurso, e explicita que a interdisciplinaridade constitutiva da AD deve-se a problemas encontrados no seio da linguagem, quer seja verbal ou não. Trata-se, por um lado, de questões de linguagem que não encontram em outros campos da Lingüística possibilidades de interpretação, cujas explicações conclamam a recorrência às teorias do materialismo histórico; e, por outro lado, de uma possibilidade de leitura e interpretação de toda equalquer materialidade lingüística, tendo em vista a natureza essencialmente ideológica do signo, que nega a imanência do significado e aponta uma possível crise da Lingüística imanente. Assim, ao lado das noções de língua, linguagem, fala, texto, etc., acrescenta-se a noção de discurso, como um objeto específico, de difícil apreensão, dado seu caráter de dispersão histórico-social e alvo de constantes equívocos decorrentes, inclusive, de sua tomada como sinônimo de texto ou de diálogo conversacional. A natureza constitutiva do discurso traz em si contradições que funcionam como regularidade, como coerência, como estrutura argumentativa, aspectos que rompem a perspectiva da análise textual e/ou comunicacional. Evandro Silva Martins em seu trabalho Análise e  importância dos dicionários analógicos para a Língua Portuguesa mostra que os dicionários analógicos são produtos culturais construídos com a finalidade de facilitar a pesquisa do termo exato para a elaboração de textos. Trabalha com grandes conjuntos de vocábulos agrupados pelo critério semântico. O Português possui alguns modelos que são muitas vezes desconhecidos por parte dos que usam a língua diuturnamente. Conhecer a história destes produtos culturais, o seu funcionamento e a importância deles no uso da língua é o objetivo no presente artigo. João Bôsco Cabral dos Santos em seu texto O discurso universitário institucional elabora um construto teórico sobre o Discurso Universitário Institucional (DUI), com o intuito de formalizar este discurso enquanto tipologia discursiva. Para construir essa reflexão, no que se refere aos sentidos constitutivos do DUI, o autor enfoca cinco parâmetros potenciais de formalização teórica, a saber: a) os enfoques conceituais; b) os direcionamentos epistemológicos da formação profissional; c) as ações pedagógico-metodológicas; d) as projeções acadêmicas e e) a orientação política do fazer ciência. O trabalho sobre leitura, de Jorcelina Queiroz Azambuja, Perguntas e respostas = leitura interativa?, focaliza as questões de compreensão e interpretação de textos dos livros didáticos de Língua Portuguesa. A autora apresenta uma síntese de teorias que buscam caracterizar o processo de leitura, firmando-se nas propostas interacionistas. Além disto, Azambuja estuda, discute e propõe quais tipos de perguntas seriam mais pertinentes e produtivas, em atividades de sala de aula, para ajudar o aluno a atingir uma real compreensão de textos. O artigo Verbos gramaticais – Verbos em processo de gramaticalização de Luiz Carlos Travaglia traz uma contribuição ao estudo da variação e mudança lingüística no campo da gramaticalização. O autor define o que entende por verbos gramaticais e verbos em gramaticalização; propõe cadeias de estágios de gramaticalização para os verbos; define três status que os verbos gramaticais podem ter (marcadores, indicadores e verbos funcionais); levanta as diversas funções gramaticais que estes verbos podem apresentar na Língua Portuguesa e ainda apresenta as formas com que os verbos gramaticais podem aparecer (verbos simples, auxiliares e expressões). Finalmente Travaglia realiza um grande levantamento de verbos já gramaticalizados ou em processo de gramaticalização existentes no Português oral e escrito, indicando e exemplificando as funções gramaticais de cada um. A importância deste levantamento é que configura um ambicioso projeto para a pesquisa da gramaticalização de verbos em Português ao indicar nada menos do que noventa e nove verbos envolvidos neste processo de mudança lingüística.
Maria de Fátima Fonseca Guilherme de Castro relata, em seu artigo, Gênero e interação conversacional na sala de aula de língua inglesa na universidade, resultados de uma pesquisa que objetivou investigar se e como o gênero dos interlocutores pode contribuir para assimetrias nas interações ocorrentes entre alunas e alunos brasileiros em contexto universitário de sala de aula de conversação em língua estrangeira (inglês). As aulas foram gravadas em áudio e vídeo, transcritas e analisadas em níveis macro e micro. Outros instrumentos de coleta de dados foram utilizados, tais como observação, notas de campo, questionários e entrevista final com os estudantes. Para a autora, os resultados oriundos da análise dos dados de sua pesquisa permitem a ampliação de nossa compreensão de como a variável ‘gênero’ (homem e mulher; masculino e feminino) pode contribuir para as assimetrias nos processos interacionais instaurados nas aulas de conversação, assim como evidenciam aos professores e professoras de língua inglesa, a complexidade em que se procede a relação dessa variável no espaço de sala de aula. Em seu texto Ordenação de advérbios qualitativos: reflexões sobre a unidirecionalidade na gramaticalização, Mário Eduardo Martelotta apresenta uma reflexão acerca da hipótese da unidirecionalidade, associada à teoria da gramaticalização, com base na análise da ordenação do advérbio qualitativo mal e dos advérbios qualitativos terminados em -mente na fase arcaica da Língua Portuguesa. Demonstra-se que, apesar da forte tendência à estabilidade, houve mudança na polissemia dos vocábulos do português arcaico até os dias de hoje, o que aponta para uma mudança sucessiva, com o surgimento posterior de valores associados normalmente ao fim das trajetórias de gramaticalização. Em O Algoritmo de preenchimento nas fronteiras de constituintes, Maura Alves de Freitas Rocha compara o comportamento dos adjuntos (e adjunções) e dos preenchedores discursivos em fronteiras de constituintes do Português do Brasil, na modalidade oral e escrita, a partir da teoria X-barra e outros princípios que sustentam a Teoria Gerativa. Além disso, adota o modelo teórico proposto por Tarallo e Kato (1989) que postula interface entre Gramática e Teoria da Variação. A análise desenvolvida evidencia que a grande diferença entre língua oral e língua escrita, em relação ao preenchimento das fronteiras, repousa no percentual de preenchimento nas margens: a língua oral privilegia a margem à esquerda e a língua escrita, a margem à direita. Além disso, a distribuição dos preenchedores mostrou que os adjuntos são os preenchedores que mais ocorrem na língua escrita, ao passo que, na língua oral, ocorrem mais adjuntos e preenchedores discursivos. Osvaldo Freitas de Jesus em seu ensaio Leitura e cognição mostra como leitura e aprendizagem se interrelacionam. Para ele, aprender é arquivar informações novas na memória de longo prazo, incorporando-as às informações já existentes, alargando de maneira distribuída o banco de dados neuronal. Para que as informações tornem-se conhecimentos, elas precisam ser elaboradas e integradas à rede a que pertencerão, inclusive com fácil acesso para eventual reutilização. A leitura, tanto da página de papel como da página eletrônica, é um dos maiores fatores de aprendizagem. Mas ler é muito mais complexo do que parece ao senso comum. Esse texto procura descrever a odisséia neuronal durante a leitura, percorrendo o trajeto desde os deslocamentos óculo-cinéticos até a interpretação final do sentido. Para que o fruto da leitura permaneça na memória, a proteína cinase, ativada por outra proteína, a AMPc, adere ao DNA dentro do soma, o qual comanda o RNA  a produzir proteínas adicionais, necessárias à formação da circuitaria neuronal duradoura. Para o autor, conhecer melhor o processo da leitura implica  melhor conhecer o funcionamento do cérebro, especialmente quanto à formação da memória de longo prazo.
  Para Waldenice Moreira Cano em Descrição e tratamento de unidades léxicas adjetivais especializadas num dicionário escolar de ciências, o objeto de estudo da Terminologia são as unidades terminológicas que se utilizam nos domínios de especialidade, concebidas como unidades da linguagem natural, que formam parte de uma língua natural e da gramática que descreve cada língua. Além das unidades nominais, o conhecimento especializado pode ser reconhecido e adquirido através de outras unidades transmissoras de conhecimento, como unidades adjetivais, verbais, fraseológicas, paráfrases, unidades recorrentes, entre outras. Neste trabalho é discutida a questão do tratamento e colocação, num dicionário escolar de Ciências, das unidades de significação especializada adjetivais. Foi levado em conta neste estudo o paradigma teórico proposto pela Teoria Comunicativa da Terminologia (TCT), que permite redirecionar o tratamento de muitos aspectos da Teoria Geral da Terminologia, através de uma perspectiva comunicativa. A TCT trata o conhecimento especializado “in vivo”, isto é, fruto da comunicação especializada real estabelecida entre os interlocutores. Dessa maneira, pode-se postular, do ponto de vista lingüístico, que as unidades de significação especializada (USE) ocorrem de maneira natural no discurso e aí podem tomar formas diversas.
Finalmente, Waldenor Barros Moraes Filho, com seu estudo intitulado O léxico das cores: uma análise contrastiva português/inglês, analisa o universo léxico das cores, em inglês e em português, a partir da definição preliminar de cor básica, originalmente proposta por Berlin e Kay (1969) e redefinida por Hays et al. (1972) como sendo aquela cor mais representativa de pontos focais de tonalidade e luminosidade. As conclusões foram baseadas em um corpus, extraído de dicionários bilíngües e monolíngues, composto por aproximadamente três mil entradas em inglês e mil em português, agrupado segundo características semânticas e morfossintáticas em comum. Apesar da proliferação de trabalhos de análises contrastivas na década de 1960, e das críticas com relação, principalmente, ao seu caráter de predição de erros e dificuldades, o autor, em sintonia com os estudos de James (1980), defende uma revitalização das análises contrastivas, uma vez que elas podem contribuir para a teoria da tradução, para reflexões sobre universais lingüísticos e para os estudos contrastivos na área da Lexicologia. Todos os autores deste volume da coleção Lingüística IN FOCUS são professores do Instituto de Letras e Lingüística da Universidade Federal de Uberlândia, exceto Martelotta que atua na Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Esperamos que este primeiro volume da coleção Lingüística IN FOCUS seja o início de uma frutífera iniciativa para a divulgação científica em nossa área e um canal para a interlocução acadêmica no campo dos estudos lingüísticos.
Os Organizadores

Sumário

Sumário

1. LEITURA E CRITICIDADE EM LÍNGUA ESTRANGEIRA
Célia Assunção Figueiredo
2. A CONSTITUIÇÃO DA ANÁLISE DO DISCURSO NA LINGÜÍSTICA
Cleudemar Alves Fernandes
3. ANÁLISE E IMPORTÂNCIA DOS DICIONÁRIOS ANALÓGICOS
PARA A LÍNGUA PORTUGUESA
Evandro Silva Martins
4. O DISCURSO UNIVERSITÁRIO INSTITUCIONAL
João Bôsco Cabral dos Santos
5. PERGUNTAS E RESPOSTAS = LEITURA INTERATIVA?
Jorcelina Queiroz de Azambuja
6. VERBOS GRAMATICAIS – VERBOS EM PROCESSO
DE GRAMATICALIZAÇÃO
Luiz Carlos Travaglia
7. GÊNERO E INTERAÇÃO CONVERSACIONAL NA SALA
DE AULA DE LÍNGUA INGLESA NA UNIVERSIDADE
Maria de Fátima Fonseca Guilherme de Castro
8. ORDENAÇÃO DE ADVÉRBIOS QUALITATIVOS: REFLEXÕES
SOBRE A UNIDIRECIONALIDADE NA GRAMATICALIZAÇÃO
Mario Eduardo Martelotta
9. O ALGORITMO DE PREENCHIMENTO NAS FRONTEIRAS
DE CONSTITUINTES
Maura Alves de Freitas Rocha
10.LEITURA E COGNIÇÃO
Osvaldo Freitas de Jesus
11.DESCRIÇÃO E TRATAMENTO DE UNIDADES LÉXICAS
ADJETIVAIS ESPECIALIZADAS NUM DICIONÁRIO
ESCOLAR DE CIÊNCIAS
12.O LÉXICO DAS CORES: UMA ANÁLISE CONTRASTIVA
PORTUGUÊS / INGLÊS
Waldenor Barros Moraes Filho

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TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Linguística textual: da teoria à prática de ensino  - Contribuições de Ingedore Koch. In SOUZA, Edson Rosa Francisco, PENHAVEL, Eduardo e CINTRA, Marcos Rogério (orgs.). Linguística Textual: interfaces e delimitações – Homenagem a Ingedore Grunfeld Villaça Koch. São Paulo: Cortez, 2017. P. 518-528. ISBN: 9788524925757

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