Docente: Prof. Dr. Leonardo Francisco Soares
“Narrativas e(m) guerra: o tecido em emergência”
Linha 3 –Literatura, Outras artes e Mídias
Este projeto retoma o cerne do meu trabalho de doutorado, desenvolvido entre os anos de 2002 e 2006 na Universidade Federal de Minas Gerais (publicado em 2012 pela ed. UFMG), que foi apresentar uma discussão a respeito dos processos de construção de identidades em narrativas advindas do cinema e da literatura da Europa Centro-Oriental, que problematizavam as diferentes configurações da guerra, bem como sua articulação com as concepções de nação, história, memoria e representação. Na época, eu trabalhei com seis narrativas: os livros Três cantos fúnebres para o Kosovo, de Ismail Kadaré (Albânia), Um túmulo para Boris Davidovitch, de Danilo Ki? (Iugoslávia ) e A exposição das rosas: duas novelas, de István Örkény (Hungria); e os filmes Antes da Chuva, de Milcho Manchevski (Macedônia), Underground, de Emir Kusturica (Iugoslávia) e Um olhar a cada dia, de Theo Angelopoulos (Grécia). A proposta agora é aprofundar na pesquisa e análise de alguns dos autores do corpus anterior, ampliado para outras narrativas do conjunto da obra dos artistas selecionados, que tratam direta ou indiretamente da temática da guerra. Para tanto, tomarei como objeto de reflexão textos, advindos da produção ficcional dos escritores Ismail Kadaré e Danilo Ki? e da trajetória fílmica dos cineastas Theo Angelopoulos e Emir Kusturica.Assim, no que se refere ao cinema, pretende-se trabalhar com os filmes Quando papai saiu em viagem de negócios (1985); Memórias em super 8 (2001) e A vida é um milagre (2004), de Emir Kusturica; enquanto que da produção de Theo Angelopoulos, selecionei os filmes A eternidade e um dia (1998), Trilogia: o vale dos lamentos (2004) e Trilogia II: a poeira do tempo (2008). Quanto à literatura, dentre os livros de Danilo Ki?, tomo para estudo o livro de contos Enciclopédia dos mortos (1984) e do chamado Circo de família, composto pelas narrativas Chagrins précoces (Rani jadi)[Primeiros sofrimentos](1969), Jardim, cinzas (Basta, pepeo) (1965) e Sablier (Pescanik)[Ampulheta](1972), pretendo retomar o romance de 1965. No que se refere à vasta produção de Ismail Kadaré, recortarei, em um primeiro momento, as narrativas que estabelecem um diálogo com a Ilíada, de Homero, tendo selecionado, por enquanto: Dossiê H (1989), Os tambores da chuva (1994), O general do exército morto (1970), Crônica de pedra (1998), Vida, jogo e morto de Lul Mazrek (2002), A filha de Agamenon (2003) e Uma questão de loucura (2005). Já os filmes de Theo Angelopoulos e de Emir Kusturica e os livros de Danilo Ki?, citados acima, serão trabalhados, posteriormente, a partir dois eixos temáticos: Infância e guerra/ Imagens da memória das guerras.
Palavras-chave: Literatura e cinema: formas e processos narrativos; Narrativa e Guerra; Cinema e literatura da Europa Centro-Oriental.