Processos de avaliação da aprendizagem
O ato de avaliar é um processo contínuo e permanente com função diagnóstica, processual e classificatória e deve ser feito de maneira a possibilitar a constante reflexão sobre o processo formativo do aluno. Deve, ainda, ocorrer de tal forma que possibilite o desenvolvimento pleno do discente em suas múltiplas dimensões: humana, cognitiva, política, ética, cultural e profissional.
Tais diretrizes apontam a avaliação como parte integrante do processo de formação que possibilita o diagnóstico de lacunas e a aferição dos resultados alcançados, consideradas as competências a serem constituídas e a identificação das mudanças de percurso eventualmente necessárias.
A avaliação deve cumprir prioritariamente uma função pedagógica ou formativa, gerar informações úteis para a adaptação das atividades de ensino e aprendizagem às necessidades dos alunos e aos objetivos de ensino. O objetivo de toda avaliação é gerar e gerir retro-informação, seja para a ação do professor em sala de aula, seja para a gestão acadêmica.
Uma das grandes dificuldades encontradas por docentes e discentes está relacionada ao consenso na avaliação. Além disso, apesar dos esforços no sentido de divulgar o conceito de avaliação contido na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), inúmeros professores não aceitam novas formas de avaliação e mantêm a mesma prática de seus antigos mestres.
Na perspectiva da nova proposta político-pedagógica da UFU, as atividades avaliativas devem fazer interagir os conhecimentos prévios dos educandos em contextos novos de aplicação e de reflexão. Nas licenciaturas, como é o caso do Curso de Graduação em Letras: Espanhol e Literaturas de Língua Espanhola, faz-se necessário discutir a avaliação a fim de estimular novas atividades avaliativas e preparar os futuros professores para que eles possam atualizar as novas práticas de avaliação, com o intuito de renovar o processo na educação básica, para a qual a LDB propõe uma “avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais” (BRASIL, 1996).
A avaliação precisa ser pensada dentro do contexto de formação que a pretende estabelecer; nesse sentido, torna-se necessário dimensionar não apenas a avaliação da aprendizagem, mas também do curso como um todo, buscando, em um movimento coletivo, avaliar e replanejar as ações desenvolvidas, aproximando-as dos objetivos propostos pelo curso.
A utilização de princípios metodológicos, dialógicos e problematizadores, buscando a formação de um professor pesquisador, requer uma avaliação também processual, dinâmica, qualitativa, com critérios claros, definidos previamente, discutidos e apresentados aos alunos, no caso da avaliação da aprendizagem, e aos docentes do curso, para sua avaliação geral.
Nesta perspectiva, torna-se necessário repensar a concepção de avaliação tanto do corpo discente como docente. Não se trata de avaliar para aprovar ou reprovar, mas de avaliar para identificar lacunas no trabalho pedagógico e redimensioná-las. Não basta obter a informação de que o aluno não aprendeu e reprová-lo. Ele precisa aprender. É um direito seu e uma necessidade para sua formação. Sendo assim, também é um dever do professor zelar para que o entendimento do saber necessário e planejado seja acessível aos alunos, garantindo-lhes as condições de aprendizagem. A nota não pode ser encarada como um fim, cujo alcance justifica todos os meios. O fim é a aprendizagem, a nota é apenas um indicativo desta, embora não possa ser desprezada, até por obediência às Normas Gerais da Graduação.
É preciso entender que o processo de aprendizagem é contínuo e progressivo, não acontece de forma linear e uniforme, uma vez que cada indivíduo possui uma forma própria para aprender. Todos aprendem, cada um a sua maneira.
Masetto (2003) apresenta algumas características necessárias à avaliação superior. A primeira diz respeito à necessidade de integração ao processo avaliativo dos elementos incentivo e motivação para a aprendizagem, que poderá acontecer por meio do acompanhamento do aluno em todas as fases de seu processo de aprendizagem; a segunda é a prática do feedback, em que o docente informa e discute claramente com o aluno as suas dificuldades e seus avanços, traçando com o mesmo metas a serem vencidas. Esta prática oferece ao processo avaliativo uma dimensão diagnóstica e prospectiva, pois apresenta ao discente informações sobre sua condição atual e o auxilia a se organizar e planejar-se para superar tal condição rumo a uma aprendizagem mais significativa.
Uma terceira característica pontuada é o fato de se verificar não apenas a aprendizagem do aluno, mas o conjunto. Avalia-se todo o processo, a ação do professor, a adequação do planejamento do mesmo, as práticas pedagógicas desenvolvidas, entre outros itens. O discente não é o único a ser responsabilizado pelo fracasso da aprendizagem. São avaliadas todas as condições oferecidas durante o movimento de ensinar e aprender.
O autor ainda destaca como características do ato avaliativo o fato de que este precisa ser planejado, o que requer, por parte do docente, a capacidade de observar e de registrar o desenvolvimento do aluno. Não se avalia comparando-o com os demais colegas, mas avalia-se comparando seu aprendizado inicial com o do momento, projetando-o para o futuro.
A avaliação não se reduz apenas à sala de aula, ela deve perpassar toda a estrutura universitária, produzindo dados e informações que alimentem os processos de gestão administrativa e acadêmica visando à melhoria do ensino. De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais, as competências profissionais a serem constituídas pelos professores em formação – no caso específico das licenciaturas – devem ser a referência para todas as formas de avaliação dos cursos, sendo estas:
- periódicas e sistemáticas, com procedimentos e processos diversificados, incluindo conteúdos trabalhados, modelo de organização, desempenho do quadro de formadores e qualidade da vinculação com escolas de educação infantil, ensino fundamental e ensino médio, conforme o caso;
- feita por procedimentos internos e externos, que permitam a identificação das diferentes dimensões daquilo que for avaliado;
- incidentes sobre processos e resultados.
A avaliação sendo, portanto, um instrumento essencial para a evolução dos padrões de qualidade da instituição e fundamentais para a realização de seus objetivos educacionais, ocorrerá nas seguintes dimensões:
- Avaliação do alunado feita pelo corpo docente;
- Avaliações da disciplina e respectivos professores feitas pelo corpo discente;
- Avaliação do Curso;
- Avaliação feita por egressos;
- Enade.